EPÍSTOLAS
As Epístolas contêm muitos ensinamentos de vital importância que
foram transmitidos pelos apóstolos e seu colaboradores, e para entendê-las
devemos conhecer o contexto daquele tempo e entendermos o enredo por trás
delas.
O MUNDO DAS
EPÍSTOLAS
As Epístolas foram escritas na
época em que o cristianismo se expandia a partir da Palestina e chegava ao
mundo mais amplo, que era dominado pelos romanos. Os romanos haviam trazido paz
e prosperidade àquela região. Muitas estradas foram construídas e viajar era
fácil. A língua grega era falada na parte leste do Mediterrâneo, e o exército romano
estava presente em todas as principais cidades, para assegurar os interesses de
Roma.
OS LEITORES DAS
EPÍSTOLAS
Pelo fato de os membros das
igrejas primitivas virem muitas vezes, de várias culturas diferentes, era-lhes
difícil estabelecer em uma comunidade nova. Em especial, o relacionamento entre
e gentio era, muitas vezes, marcado por tensões. Isso acontecia em parte porque
não havia muita clareza quanto à importância e relevância da lei judaica. Os
cristãos de origem judaica não viam razão para abandonar as leis alimentares e
a celebração de festas, mas a obediência rígida a essas leis impossibilitava a
comunhão profunda com cristãos de origem não-judaica. Por outro lado, os
cristãos oriundos do mundo gentílico não viam motivo para começar a obedecer
tais leis, especialmente se já participavam no culto na sinagoga sem fazer
isso. Paulo entra nos detalhes dessa questão em Romanos e Gálatas. Assim, cada
epístola tinha um propósito específico, abordando as necessidades particulares
dos leitores, que variavam muito de epístola pra epístola.
EPÍSTOLAS PAULINAS
As Epístolas ou cartas de Paulo
dividem naturalmente em quatro grupos:
1) As primeiras epístolas; 1 e
2 Tessalonicenses provavelmente são as primeiras, e tratam do retorno de
Cristo.
2) As grandes epístolas ou
“epístolas do “evangelho”, Romanos,
Gálatas e 1 e Coríntios têm em comum a ênfase no
evangelho que Paulo pregava.
3) As “epístolas da prisão”,
nas quais Paulo afirma que está preso em Roma, São Efésios, Colossenses, Filipenses
e Filemon. Alguns de seus ensinamentos
mais profundos estão incluídos
nessas epístolas.
4) As “epístolas pastorais”, 1
e 2 Timóteo e Tito, lidam com questões práticas da liderança e organização das
igrejas.
EPÍSTOLA AOS ROMANOS
Justo
diante de Deus O apóstolo Paulo,
foi um grande missionário, e fez várias viagens. Algumas viagens a fim de
auxiliar as igrejas a se firmarem. Como tinha em mente seguir sua viagem em
direção ao Ocidente, até a Espanha (Rm 15.23-33), ele planejava passar alguns
tempos em Roma. Então escreve essa carta a fim de ajudar os romanos a se prepararem
para sua visita.
Conteúdo do livro
Os dezessete primeiros
versículos de Romanos formam a introdução. Esta é a maneira normal pela qual
Paulo inicia suas cartas. Há as saudações paulinas (1:1-7), seguidas por uma
oração de graças, expressando seu interesse nos cristãos romanos (1.8-15). Os
dois versículos seguintes (1.16,17) apresentam o tema da carta: a justiça de Deus,
conforme revelada em suas ações para com o homem pecador. A pergunta a que
Paulo responde por toda a carta é como Deus pode ser justo em salvar alguns,
enquanto outros são rejeitados. Como pode Deus ser igualmente justo e ainda
justificar o pecador através da aceitação do evangelho (3.26)?
A justiça de Deus pode ser
vista na maneira pela qual Deus está dirigindo a história com um propósito em
direção a um alvo. Um problema de grande importância é como Deus pode ser justo
em seu procedimento com o Israel histórico. Parece que Deus rejeitou Israel, em
favor dos gentios. Paulo trata deste problema da justiça de Deus ao falar
acerca do propósito de Deus na história (9:1-11:36).
Paulo escreve acerca da eleição
de Israel por Deus e a incredulidade por parte do Israel nacional (9:1-5).
Depois ele apresenta a doutrina da eleição conforme vista à luz da promessa de
Deus (9:613), da justiça de Deus (9:14-18), a liberdade de Deus em eleger quem
quer que ele escolha (9:1926) e o conceito veterotestamentário do remanescente
(9:27-29). O capítulo 10 relata os princípios de privilégio e responsabilidade.
Israel, que recebera as revelações de Deus, escolheu considerar estas
revelações e privilégios e recusou aceitar as responsabilidades vinculadas ao
processo da revelação. Deus pretendera que Israel se tornasse uma nação de
sacerdotes (missionários), para propagar o conhecimento de seu amor e
misericórdia por todo o mundo. Neste propósito, o Israel nacional falhou.
O capítulo 11 sustenta a justiça
de Deus em seu procedimento para com um povo desobediente e mostra os
resultados da recusa de Israel em ser servo de Deus. Há um remanescente,
contudo, que, pela fé, aceita a graça divina (11:1-6). A maioria, contudo,
rejeita qualquer coisa que fale da graça e não de recompensa por guardar as
tradições construídas em torno da Lei (11:7-10). É através do propósito e
misericórdia de Deus que o remanescente fiel (verdadeiro Israel) está levando
avante a obra de Deus, na proclamação do evangelho aos gentios, que estão sendo
salvos (11:11-24). Por esta obra de Deus, de salvar os gentios, os judeus, por
sua vez, aceitarão o único meio de salvação: o caminho de Deus da justiça
(11:25-32). Toda esta obra de Deus para com a humanidade sofredora demonstra
que ele tem um propósito na história, e sua sabedoria está em operação, para
revelar a toda a humanidade seu dom de justiça, que é a salvação (11:33-36).
Tendo completado um estudo na
teologia da justiça de Deus, Paulo agora prossegue, mostrando as implicações da
justiça de Deus no viver diário. Há um lado ético da teologia (12:15:13). A
justificação implica em viver-se uma vida cristã. O dom de Deus da graça e amor
envolve um viver sacrificial em relação com outras pessoas (12:1,2). A vida
cristã é uma convocação a viver-se em Cristo (12:3-8) e andar em amor
(12:9-21). A justiça de Deus é mantida no crente que vive uma vida submissa, em
obediência a Deus (13:1-14) e uma
vida dedicada a Deus, através
do auxílio a todos com quem o crente entra em contato, para que conheçam a
graça e o amor de Deus (14:115:13).
O restante da carta é dedicado
aos planos feitos por Paulo, de ir à Espanha, via Jerusalém e Roma (15:14-33).
Ele escreve uma carta de apresentação para Febe, que deve levar a carta (16:1),
e envia saudações a vários membros da comunidade cristã de Roma que ele conhece
(16:2- 23). Uma bênção (16:24) e uma doxologia (16:25-27) concluem a carta.
Fonte: Seminário Teológico Koinonia
Igreja Batista Getesêmani
Um Abraço,
Pregador Jefferson Assis
Compromisso com a obra de Deus e certeza
do seu chamado!
O Redentor (Go’el) de Israel
O “resgate” um costume jurídico sumamente
significativo para o AT, que também foi regulamentado em lei (Lv 25.24ss). Um
israelita tem o direito e também o dever de socorrer um membro da família que
se encontra em necessidade: se devido sua situação econômica precária alguém
obrigado a alienar sua casa e propriedade, seu parente mais próximo — este
então o “resgatador” — tem a prioridade de compra (Jr 32.7) e, com isso, a
incumbência de manter a terra nas mãos da família. Pois propriedade de terra
herdada, por ser meio de sobrevivência, não deve ser alienada (cf. 1 Rs 21).
Mas se um israelita livre estiver tão empobrecido que precisa vender-se como
escravo (a um estranho), então um parente seu tem a obrigação de comprá-lo de
volta. O “resgate”, i. e., a re-aquisição, pressupõe, portanto, vínculos
familiais. O livrinho de Rute (2.20ss.) e a compra do campo em Anatote por
parte de Jeremias (Jr 32.6ss.) atestam que o costume do resgate era realmente
praticado.
QUEM É O GO’EL?
Era tanto o Parente Remidor como também o
Parente Vingador (Nm 35.12-19). A Bíblia Vida Nova traz o seguinte comentário: “Era
o costume do parente próximo de um injustiçado reivindicar justiça por este:
isto era uma garantia de que sempre haveria alguém interessado em trazer o
malfeitor à punição. A lei do refúgio era a maneira de Deus preservar este
costume contra o Vingador (Go’el) injusto e cruel”. O Senhor providenciou seis
(06) cidades de refúgio nas quais, as pessoas culpadas de homicídio acidental,
podiam buscar proteção com segurança, protegendo-se do Vingador do Sangue até
serem julgadas (Nm 35.11,12). “Se o Vingador do Sangue (Go’el) achar o homicida
fora dos termos da cidade de refúgio e matá-lo, não será culpado do sangue” (Nm
35.27). Lemos em Lucas 4.16-21 que Jesus entrou na sinagoga, na cidade de
Nazaré, e tomando o livro do profeta Isaías, leu: “O Espírito do Senhor está
sobre mim, pelo que me UNGIU para EVANGELIZAR aos pobres; enviou-me para
proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em
liberdade os oprimidos, e apregoar O ANO ACEITÁVEL DO SENHOR” (Is 61.1,2). Jesus
parou de ler exatamente neste ponto e afirmou: “Hoje se cumpriu a Escritura que
acabais de ouvir”. Ele deixou de ler a última parte do versículo 2. Por quê?
Porque hoje é o PERÍODO da GRAÇA, é o Ano Aceitável do Senhor, e Ele é o nosso
Go’el, o Parente Remidor, o Resgatador. Porém virá o “Dia da Vingança”, quando
o mesmo Parente Remidor virá como Parente Vingador para trazer juízo sobre
Satanás, juízo sobre a terra.
GO’EL = l")oG
A abertura dos selos em Apocalipse capítulo 5
é a vingança do Parente Vingador. “Quando abriu o quinto selo, vi debaixo do
altar as almas dos que tinham sido mortos por causa da palavra de Deus e por
causa do testemunho que deram. E clamaram com grande voz, dizendo: Até quando,
ó Soberano, santo e verdadeiro, não julgas e vingas o nosso sangue dos que
habitam sobre a terra?”(Ap 6.10). “Porque verdadeiros e justos são os seus
juízos, pois julgou a grande prostituta, que havia corrompido a terra com a sua
prostituição, e das mãos dela vingou o sangue dos seus servos”(Ap 19.2). “Pois
o Senhor tem um dia de vingança, um ano de retribuições pela causa de Sião”. “Porque
o dia da vingança estava no meu coração, e o ano dos meus remidos é chegado”(Is
34.8; 63.4). Mas aquele dia pertence ao Soberano, ao Senhor dos Exércitos. Será
um dia de vingança, para vingar-se dos seus adversários. A espada devorará até
saciar-se, até satisfazer sua sede de sangue. Porque o Soberano, o Senhor dos
Exércitos, fará um banquete na terra do norte, junto ao rio Eufrates.
O Ano Aceitável – É o período da Graça; Um dia
para Vingança – É o período da Grande Tribulação; Um ano para Retribuição dos
meus remidos – É o período do Milênio. GO’EL é o protetor do oprimido e
libertador de seu povo. “Quanto ao nosso Redentor (Go’el), o Senhor dos
Exércitos é o seu nome, o Santo de Israel”. “Assim diz o Senhor, o teu Redentor
(Go’el), o Santo de Israel: Eu sou o Senhor, o teu Deus, que te ensina o que é
útil, e te guia pelo caminho em que deves andar” (Is 48.17). “Assim diz o
Senhor, Rei de Israel, seu Redentor (Go’el), o Senhor dos Exércitos: Eu sou o
primeiro, e eu sou o último, e além de mim não há Deus” (Is 44.6). “Virá o
Redentor (Go’el) a Sião e aos de Jacó que se converterem, diz o Senhor”(Is
59.20).
Fonte: Pr. A.
Carlos G. Bentes. DOUTOR EM
TEOLOGIA PhD em Teologia Sistemática American Pontifical Catholic
University (EUA). O Pr. Bentes ministra aula no Seminário Teológico Koinonia e
Seminário Unitheo.
Um Abraço,
Pregador Jefferson Assis
Compromisso
com a obra de Deus e certeza do seu chamado!
A Doutrina da
Salvação no Antigo Testamento
A SALVAÇÃO NO ANTIGO TESTAMENTO
No Velho Testamento, o termo salvação abrange
todas as qualidades de socorro que os israelitas recebem do seu Deus, o Senhor Iavé.
O verbo hebraico yasha’ significa fazer largo, viver em abundância, conseguir a
vitória, libertar do poder do inimigo, salvar da opressão, do pecado, da
aflição, da doença, da morte. O substantivo yesha’ ou yeshua’, pode significar
a salvação em qualquer um, ou em qualquer conjunto, destes vários sentidos.
A palavra pode ser usada para significar a
salvação do mal na vida futura, ou no sentido de libertação de todas as
qualidades de aflição da vida neste mundo. A salvação no Antigo Testamento
significa que o processo é iniciado e efetuado pelo Senhor, em favor do seu
povo e pode ser independente do entendimento de Israel.
O Concerto e a Salvação no Antigo Testamento
Os profetas dão muita ênfase ao amor fiel
(hesed) do Senhor no cumprimento das promessas do concerto. Mas ao mesmo tempo
os profetas explicam as consequências terríveis da ingratidão, da injustiça e
da infidelidade do povo do concerto. A revelação do nome de Deus ao povo de
Israel, por intermédio de Moisés (Êx 6.1-9), produziu uma relação permanente
entre Iavé e este povo. Esta relação é representada pelo berith entre Iavé e
Israel. É Deus quem toma a iniciativa e quem faz o concerto com o seu povo.
Israel pode aceitar, ou rejeitar, o concerto oferecido pelo Senhor, mas nunca
pode determinar os seus termos ou condições. “Eis que lhe dou o meu concerto”
(Nm 25.12). Quando o Senhor ofereceu ao povo de Israel o seu concerto, assim
aceitou a responsabilidade de cumprir as suas promessas que ele mesmo, e não
Israel, tinha estipulado.
A Fidelidade do Senhor no Perdão do Pecado
O profeta Ezequiel descreve ainda mais
claramente o perdão que transforma a natureza humana. “E vos darei um coração
novo, e porei dentro de vós um espírito novo, e tirarei da vossa carne o coração
de pedra, e vos darei um coração de carne. Porei dentro de vós o meu espírito,
e farei que andeis nos meus estatutos e observeis fielmente as minhas
ordenanças. Habitareis na terra que dei a vossos pais; e vós sereis o meu povo,
e eu serei o vosso Deus. E vos salvarei de todas as vossas imundícias”
(36.26-29). São expressivas as figuras que descrevem o perdão do pecado.
“Purifica-me com hissope, e ficarei puro; Lava-me, e ficarei mais alvo do que a
neve ... Esconde a tua face dos meus pecados, e apaga todas as minhas iniquidades.
Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova em mim um espírito reto” (Sl 51
.7,9,10). “Eis! tocou isto nos teus lábios, tirada é a tua culpa, e o teu
pecado é coberto.” (Is 6.7). “Pois lançaste para trás das tuas costas todos os
meus pecados” (Is. 38.17).
“Eu te confessei o meu pecado, e a minha
iniqüidade não encobri; disse eu: Confessarei ao Senhor as minhas
transgressões; e tu perdoaste a culpa do meu pecado” (Sl 32.5). “Perdoaste a iniquidade
do teu povo; cobriste todos os seus pecados” (Sl 85.2).
O Motivo Divino em Perdoar
No sistema sacrificial dos israelitas, as
ofertas apresentadas ao Senhor representaram apenas o espírito de
arrependimento do ofertante, enquanto o amor imutável do Senhor operava
persistentemente no perdão do pecador desviado que desejava o restabelecimento
da comunhão com o seu Deus. A graça do Senhor, no perdão do pecado,
manifestava-se, no princípio, quase exclusivamente dentro de Israel. O motivo
deste favor especial de Deus para com o povo de Israel é “por amor de mim” ou
“por amor do meu Nome”. “Por amor do meu Nome retardo a minha ira” (Is 48.9). No
perdão dos pecados do seu povo, Deus se lembrava das promessas que tinha feito
aos pais. “Orei ao Senhor, dizendo: Ó Senhor Deus, não destruas o teu povo e a
tua herança, que remiste com a tua grandeza, e que fizeste sair do Egito com
mão poderosa. Lembra-te dos teus servos Abraão, Isaque e Jacó; não atentes para
a dureza deste povo, nem para a sua maldade, nem para o seu pecado” (Dt
9.26,27; Êx 32.12,13; Ne 9.15,23). “Todavia o Senhor não quis destruir a Judá
por amor de Davi, seu servo, porquanto lhe havia prometido que lhe daria uma
lâmpada, a ele e a seus filhos, para sempre” (2 Rs 8.19). Convém notar que tais
promessas se relacionam ao concerto, sempre operante. O amor e a justiça do
Senhor sempre constituem o seu motivo imutável no perdão do pecado. A natureza
divina, a santidade que abrange a justiça, não podem deixar de exigir o
arrependimento e a fé por parte do pecador, sem o qual nenhum sacrifício e
nenhuma oração pode induzir o Senhor a perdoar o pecado. Mas Deus tem prazer em
perdoar, “por amor do seu Nome”, todos os que almejam o perdão. O motivo do
perdão sempre se acha no Senhor: no seu amor eletivo (‘ahaba), e no seu amor
imutável (hesed), que mantém o concerto pela orientação misericordiosa do seu
povo e pela operação da sua providência na direção da história para o fim que
ele mesmo predeterminou. O seu propósito redentor visa todas as nações do
mundo, começando com Israel.
A Operação da Santidade, da Justiça e do Amor na
Salvação
O profeta multiplica as evidências da
atividade redentora do Senhor. As palavras “Confortai, confortai o meu povo” é
a tradução correta das palavras introdutórias desta profecia. O mensageiro do
Senhor não tinha recebido ordem de falar apenas palavras de consolação ao povo
na sua tristeza, mas a palavra de conforto que termina com a tristeza, e
fortalece o espírito com as boas-novas de redenção. “Eis o vosso Deus!” Cansado
e fatigado, o povo receberá o amparo do poder do Senhor. É possível que a
mulher se esqueça do seu menino de peito, “todavia, eu não me esquecerei de
ti”, diz o Senhor (49.15). O Senhor se apresenta frequentemente nesta profecia
como o Redentor do seu povo. A palavra hebraica go’el designa na linguagem
popular o parente mais chegado que tem a responsabilidade de cuidar dos
direitos do parente falecido. “Pois assim diz o Senhor: Por nada fostes
vendidos; também sem dinheiro sereis remidos”. Em Jeremias 50.34, o Senhor dos
exércitos apresenta-se como o Redentor do seu povo do poder da Babilônia. O
Senhor é Vindicador do seu povo e promete resgatá-lo do poder do inimigo. Jr
50.34: “Mas o seu Redentor [Go’el - l")Og] é forte; o Senhor dos exércitos
é o seu nome. Certamente defenderá em juízo a causa deles, para dar descanso à
terra, e inquietar os moradores de Babilônia”.
“Não temas, ó bichinho de Jacó, homens de
Israel! Eu te ajudo, diz o Senhor, o teu Redentor (go’el) é o Santo de Israel”
(Is 41.14).
Fonte: Pr. A.
Carlos G. Bentes. DOUTOR EM
TEOLOGIA PhD em Teologia Sistemática American Pontifical Catholic
University (EUA). O Pr. Bentes ministra aula no Seminário Teológico Koinonia e
Seminário Unitheo.
Um Abraço,
Pregador Jefferson Assis
Compromisso
com a obra de Deus e certeza do seu chamado!
A Doutrina
do Pecado no Antigo Testamento
O conceito que qualquer pessoa,
ou qualquer povo, tenha do pecado é determinado por seu entendimento do caráter
de Deus e da natureza do homem.
A Moralização do Conceito do Pecado
Entre os povos
primitivos o pecado era considerado simplesmente como ofensa contra Deus, e por
algum tempo alguns israelitas tiveram esta mesma opinião. A lei moral
associava-se, às vezes, com o costume do povo. A natureza ética e moral da
religião dos hebreus estabelecida por Moisés sempre lutava contra as
influências insidiosas do baalismo e da imoralidade dos cananeus. Com o
entendimento cada vez mais claro da justiça absoluta de Deus, o povo
compreendia mais perfeitamente que o Senhor, como o Juiz supremo, exigia a
justiça do homem nas relações com o seu próximo. Com a ênfase nos pecados
sociais, os profetas chegaram a entender mais claramente a natureza dos pecados
cometidos diretamente contra o Senhor.
Palavras Hebraicas que Descrevem a Natureza do Pecado
O português, bem como o inglês,
luta com dificuldade na tradução de uma palavra hebraica por uma só palavra que
dê o sentido exato em nosso vernáculo. A classificação das palavras hebraicas
em grupos, de acordo com o seu sentido geral, facilita a explicação da natureza
das várias formas do pecado.
No Antigo Testamento, os principais termos hebraicos
para pecado são:
‘ābar - raBffai( (Êx 38.26; Dt 2.14; Jó 13.13)
transgredir. ’āsham - {f$f) (Lv 5.5-8; Jz 21.22; Sl 34.21-23; Os 10.2; 13.1; Is
24.6; Jl 1.18) O sentido principal da palavra ’āsham parece ser o de culpa.
Todavia, o sentido varia desde a ação que traz culpa até a condição de culpa e,
ainda, até o ato de punição. ’ashemah - hfm:$a) (Lv 4.3; 22.16). Pecado, culpa,
iniqüidade, ações pecaminosas, culpabilidade. Awon - }owf( (1Rs 17.18). Com a
idéia de torcer, e refere-se à culpa produzida pelo pecado, iniqüidade. Chatā’āh
- hf)f+Ax (Ex 32.30), seu cognato chete’ - )i:+"x (Sl 51.9), significando
errar o alvo ou falhar (= Hamartia). Chatā’āh - hf)ff+ax = pecado. Pesha‘ - (a$eeP
(Pv 28.13). Quer dizer rebelião ativa, uma transgressão da vontade de Deus. Peraq
– qar:P (Despedaçar, romper, pecados. A palavra é usada mais no sentido
literal).
Pecado Social
Do ponto de vista dos
escritores bíblicos, o pecado entre o povo escolhido é essencialmente a
infidelidade dos homens de Israel no cumprimento das suas responsabilidades
perante Deus, de acordo com o concerto entre Deus e o povo da sua escolha. Estas
responsabilidades incluem a prática de justiça e retidão entre os homens. A
prática da justiça entre os homens é a vontade de Deus. Os profetas condenaram
os pecados sociais porque eram ofensas contra Deus, e contra o bem-estar do
povo escolhido (Mq 6.8).
A Origem do Pecado
Teólogos modernos do Velho
Testamento dizem pouco, ou nada, sobre a origem do pecado, ou a queda do homem.
Dizem que o Antigo Testamento não tem nenhuma doutrina da queda do homem. Apresenta-se
em vários escritos do Velho Testamento o ensino explícito da universalidade do
pecado. “Pois não há homem que não peque” (1 Reis 8.46). “Certamente não há
homem justo sobre a terra, que faça o bem e que nunca peque” (Ec 7.20). O Velho
Testamento não diz nada sobre a transmissão da culpa do pecado original à
humanidade inteira, mas os escritores falam claramente da natureza perversa do
homem, e da sua inclinação para o mal. Mas, apesar da sua natureza pecaminosa,
o homem retém a liberdade e a responsabilidade de escolher o bem, ao invés do
mal. Todas as formas de pecado, segundo o Velho Testamento, são cometidas
contra Deus. Qualquer falta de conformidade à Vontade de Deus é pecado.
Consequências do Pecado
A justiça e a retidão são
princípios inerentes no caráter de Deus, e qualquer violação de tais princípios
é ipso facto rebelião contra Deus. Assim os profetas denunciaram também todas
as formas de injustiças praticadas contra a humanidade, como, a iniquidade
cometida contra o Senhor.
Influências do Pecado
Os israelitas entenderam tão
claramente como nós que muito da miséria e do sofrimento humano é o resultado direto
ou indireto do pecado. O homem que enfraquece o seu corpo com doenças pela
prática do pecado pode transmitir aos filhos que hão de nascer as consequências
maliciosas da sua perversidade. O homem, pela improvidência ou pelo crime, pode
trazer sobre a família a pobreza e a vergonha. A injustiça, nas suas muitas
formas, é a causa principal do sofrimento humano.
O PROBLEMA DO MAL
O Pecado, a Culpa e a Punição
No Velho Testamento o pecado
sempre acarreta o reconhecimento da culpa e a justiça da punição do pecador. A
culpa significa que o pecado cometido merece censura e punição, mas nem sempre
corresponde com a convicção do pecador.
A
DOUTRINA DO DEUS NO ANTIGO TESTAMENTO
O Conhecimento
de Deus Segundo o Antigo Testamento
Para os
escritores do Velho Testamento não surgiram dúvidas sobre a existência de Deus.
No Antigo Testamento Deus se apresenta nas experiências religiosas dos homens,
e não nas suas especulações filosóficas. A premissa básica de todos escritores
da Bíblia é que Deus pode ser conhecido. Mas eles ensinam também como
Deus pode ser conhecido, reconhecendo sempre que é conhecido à medida que se
revela a si mesmo nas suas comunicações aos homens.
Os escritores
declaram, com inabalável convicção, que têm conhecimento de Deus somente porque
ele se lhas revelou em santidade, justiça e amor, como o eterno e o único Deus,
Criador de todas as coisas. O cometimento apaixonado dos profetas às verdades
recebidas e verificadas pela comunhão pessoal com Deus, reforçou o poder dos
seus ensinos e o sentido de responsabilidade perante o Senhor, de aplicá-los à
vida política e social de Israel.
A fé de Israel
baseou-se na experiência de contato direto da consciência de homens de fé com a
consciência de Deus. Os israelitas não eram cientistas no sentido moderno da
palavra, nem filósofos e nem psicólogos científicos, mas as suas crenças
básicas suportam a prova da razão, da filosofia, da história e da psicologia.
O conhecimento
de Deus revelado aos homens é justamente aquele que satisfaz à sua fome da sua natureza
espiritual. A palavra Yada’ significa “conhecer pessoalmente” (Gn 12.11:
Êx 33.17; Dt 34.10); “conhecer por experiência” (Js 23.14); “ganhar conhecimento”
(Sl 119.152); “conhecer o caráter de uma pessoa” (2Sm 3.25); “Ter relações
amistosas com alguém” (Gn 29.5; Êx 1.8; Jó 42.11); “conhecer a Deus” (Êx 5.2).
A palavra descreve também p profundo conhecimento que Deus tem de pessoas (Os
5.3; Jó 11.11; 1Rs 8.30; 2Sm 7.30; Sl 1.6). O conhecimento de Deus resulta em
adoração e
obediência inteligente à sua vontade (Jz 2.10; 1Sm 2.12; Os 8.2; Sl 79.6).
Segundo os profetas, o conhecimento de Deus é o discernimento da natureza
divina por parte do conhecedor que fica habilitado a reconhecer as verdadeiras
manifestações ou revelações da natureza e da vontade do Senhor.
“É no esforço
prolongado de entender a nossa relação com Deus que chegamos a entender as
nossas relações com os outros” (John Baillie).
A experiência de
Isaías com Deus transformou a sua vida, e determinou o caráter do seu serviço
na direção da história do seu povo. Is
6.1,5-7 “No ano em que o rei Uzias
morreu, eu vi o Senhor assentado num trono alto e exaltado, e a aba de sua
veste enchia o templo. 5 Então gritei: Ai de mim! Estou perdido! Pois sou um
homem de lábios impuros e vivo no meio de um povo de lábios impuros; os meus
olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos! 6 Logo um dos serafins voou até mim
trazendo uma brasa viva, que havia tirado do altar com uma tenaz. 7 Com ela
tocou a minha boca e disse: “Veja, isto tocou os seus lábios; por isso, a sua
culpa será removida, e o seu pecado será perdoado”.
Para os hebreus
o conhecimento de Deus não era especulação sobre o Ser Eterno ou Princípio
Transcendente, mas era o reconhecimento e o entendimento do Senhor, que atua
sabiamente, com plano e propósitos, e exige obediência aos seus mandamentos por
causa da sua própria natureza, como o Santo de Israel (Dt 11.2-7; Is 41.20). É
dever principal do homem receber e desenvolver seu conhecimento de Deus. “Sabe,
pois, hoje, e reflete no teu coração, que o Senhor é Deus em cima nos céus, e
embaixo na terra; não há nenhum outro” (Dt
4.39).
A finalidade da
Bíblia é a de fazer Deus conhecido por suas atividades na história e nas
experiências que homens fiéis tenham com ele. Pois o conhecimento mais
importante de Deus, segundo a Bíblia, é esta comunhão pessoal com ele. O
intercurso pessoal com o Senhor resolveu para Jó as suas dúvidas e os seus
problemas, não porque Deus lhe tivesse oferecido uma explicação intelectual dos
mistérios da sua providência na vida dos justos, mas porque inspirou nele a
confiança na bondade e na justiça divina.
Jó 42.5,6: “Meus ouvidos já tinham ouvido a teu
respeito, mas agora os meus olhos te viram. Por isso menosprezo a mim mesmo e
me arrependo no pó e na cinza”.
O homem pode
receber o conhecimento de Deus por vários meios. Encontrar-se com Deus no
exercício da sua inteligência, no estudo das maravilhas da natureza, na
atividade direta de Deus na sua consciência, na experiência da providência de
Deus, na profecia, no milagre e até nos sonhos e nas suas meditações.
O Nome de Deus
O livro de Êxodo
relata a história de Moisés e a saída do povo de Israel do Egito e intitula-se
Shemot (Nomes) em hebraico. Tal título deriva da segunda palavra contida em seu
texto e que se inicia com “Estes [são os] nomes”. O título captura o
sentido literal de Êxodo que se inicia listando os nomes das famílias
descendentes de Jacob e que saíram da escravidão do Egito. Em um sentido mais
simbólico, porém, este é o livro no qual o Nome de Deus será apresentado. Por
nome devemos compreender a essência, algo que expresse a individualidade
daquilo que nomeamos. O Êxodo é basicamente um livro que explicita, ou melhor,
revela o Nome deste Deus que os patriarcas e matriarcas conheceram em sua
realidade, mas que não sabiam nomear. Não sabê-lo denota um convívio sem
compreensão ou uma dimensão intuitiva carente de consciência acerca de Sua
essência. Muito provavelmente Abraão compreende este Deus como o Deus do
futuro. Um Deus preocupado em lhe prover família e descendência. O Deus que
revela a Moisés faz questão de nomes. É Moisés, porém, que primeiro se mostra
interessado pela natureza de Deus ao perguntar seu nome diante da sarça
ardente. E Deus não lhe furta uma resposta como furtara anteriormente a Jacob:
E disse Moisés a
Deus: Êxodo
3.13,14
“Eis que quando eu vier aos filhos de Israel e lhes disser ‘o Deus de vossos
pais enviou-me a vós’, e dirão para mim: ‘Qual o seu nome?’ – Que direi a
eles?.” E disse Deus a Moisés: “Serei O Que Serei.” E disse: “Assim dirás aos
filhos de Israel: Serei enviou-me a vós.”
Esta é a
primeira referência que Deus faz a seu nome como uma essência expressa pelo
tempo. Serei O Que Serei contém identidade porque aparece na primeira
pessoa e contém temporalidade. Aparentemente é um tempo futuro, mas é mais do
que um tempo futuro. Para isto teria bastado chamar-se de Ehie – Serei.
Há um esforço lingüístico por determinar um verbo num tempo novo. É deste tempo
que Deus deseja falar como forma de se fazer compreender por sua criatura. Que
tempo é este? E por que Deus se definiria como uma expressão no tempo? Essa
parece ser a grande revelação de Êxodo, uma revelação que ousa abordar a
questão da própria essência do Criador.
A centralidade
da questão do Nome em Êxodo reaparece em outra passagem em que Deus tenta
esclarecer Moisés acerca de sua “natureza”.
Êxodo 6.3 “E falou Deus a
Moisés e disse-lhe: Eu sou YHWH. E apareci a Abraão, a Isaque e a Jacó
comoShadai; mas por meu nome, YHWH, a eles não fiz me saber.”
O significado de
“a eles não me fiz saber” denota maior amplitude a este novo Nome. Mais ainda,
este Nome contém em si alguma informação que vai além daquela conhecida pelos
patriarcas. A eles Deus se revela como Shadai, como um Deus que é parte
da natureza. Agora, a Moisés, novamente o Nome de Deus se expressa pelo tempo.
Da mesma forma que “Serei O Que Serei” se esforça para definir um tempo
distinto, YHWH, o Tetragrama em forma de Nome-Revelação, também é um empenho
por definir algo novo.
Os nomes Elohim
e Iavé (YAHWEH) são os mais usados pelos escritores bíblicos.
Elohim {yiholE) é o nome mais usado no Velho Testamento para
expressar o conceito de divindade. Usa-se Elohim como o nome do Criador
de todas as coisas. Quando se refere às relações do Senhor com as nações, ou às
suas relações cósmicas, usa-se em quase todas as partes do Velho Testamento o
nome Elohim.
Mas quando se
trata das relações do Senhor com o povo de Israel, ou quando se refere às
atividades do Senhor na história deste povo do seu concerto, usa-se o nome Iavé
- hwhy (YAHWEH).
Iavé – IAHWEH –
Jeová - EU SOU O QUE SOU
Iavé Jireh - O
Senhor proverá
Iavé Nissi - O
Senhor é minha bandeira
Iavé Shalom - O Senhor é paz
Iavé Sabaoth - O
Senhor dos Exércitos
Iavé Macadeshém
- O Senhor é o vosso Santificador
Iavé Raah (Rohi)
- O Senhor é meu pastor
Iavé Tsidkênu - O
Senhor é nossa justiça
Iavé el Gemolah - O Senhor é o Deus da retribuição
Iavé Nakeh - O
Senhor que fere
Iavé Shamá - O
Senhor que está presente/ou está ali
Iavé Rafá - O
Senhor que sara
Adonai - SENHOR,
MESTRE
O nome de Deus
usado em lugar de Iavé quando o nome próprio de Deus passou a ser considerado
muito sagrado para ser pronunciado.
Elohim -
Poderoso; termo plural aplicado a Deus, que geralmente se refere à sua
majestade ou à sua plenitude.
El Elion - Altíssimo (literalmente, o poderoso mais
forte)
El Roi - O
Poderoso que vê
El Shadai - Deus
Todo-Poderoso ou Deus Todo-Suficiente
El Elohe Israel - Deus, o Deus de Israel
El Olam - Deus
Eterno ou Deus da Eternidade
Goel – Remidor -
Era tanto o Parente Remidor como também o Parente Vingador
(Nm 35.12-19; Lv
25)
Redentor
l")oG = Resgatador
O Espírito de
Deus
A palavra ruah –
(vento, espírito) é empregada no Velho Testamento de tantas maneiras que é
difícil analisar os seus vários sentidos. Uma exceção constitui Ezequiel, que —
retomando o antigo profetismo (1 Rs 18.12,46; 2 Rs 2.9,15s. e outras) —
testemunha ser possuído pelo Espírito: “O Espírito me levantou e me levou” (Ez 3.14;
cf. 3.12; 8.3; 11.1,5,24; 37.1 e outras). Assim, no período exílico e
pós-exílico, o poder pleno dos profetas novamente pode ser entendido como
atividade do Espírito: O Espírito do Senhor Iavé está sobre mim [...] Ele
me enviou para pregar boas novas aos pobres (Is 61.1; cf. 42.1; Zc 7.12; 2 Cr
15.1; 24.20). Visto que somente indivíduos tornam-se capazes de receber a
inspiração profética, Moisés expressa, segundo Nm 11.29; o desejo: “Oxalá todo
o povo de Iavé fosse profeta, que Iavé lhes desse o seu Espírito!” Este desejo
se realiza na promessa: Depois disso, derramarei o meu Espírito sobre toda
carne. Vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos velhos sonharão, e
vossos jovens terão visões. Até sobre os servos e as servas derramarei o meu
Espírito naqueles dias (Jl 3.1s. ou 2.28s.; Cf. Ez 39.29; Is 32.15ss.; 44.3 e
outras). Essa esperança futura não conhece “mais indivíduos privilegiados”
(Hans Walter Wolff, sobre a passagem); desigualdades existentes no presente
serão abolidas. Através do derramamento do Espírito, cada pessoa, sem distinção
de gênero, idade e posição social (cf. Jr 31.34: “dos menores aos maiores”) encontrar-se-á
“diante de Deus sem intermediários”. Por fim, na esperança profética, o dom
único do Espírito pode se tornar um bem permanente, que não se perde. Ele será concedido
a certos indivíduos — ao Messias (Is 11), ao Servo de Deus (Is 42) — bem como a
todos: o “novo coração” e o “novo espírito”, através de uma profunda mudança
interior da pessoa, inauguram um novo futuro (Ez 36.26s.; cf. 11.19; 18.3). A
pessoa que ora o Sl 51 (v. 1 2s.; cf. 143.10) retoma a promessa de uma pessoa
não mais afastada de Deus, mas dedicada a ele. Ela combina o conhecimento da
profundeza do pecado com o pedido por renovação que abrange o pensar, o querer
e a força para agir: Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova dentro em
mim um espírito inabalável! Nesta oração encontra-se também a expressão
“Espírito Santo”, muito rara no AT (somente atestada ainda em Is 63.10s.): Não
retires de mim o teu Santo Espírito! Como quer que o Espírito seja entendido —
como um acontecimento pontual ou constante, particular ou geral —, em cada caso
ele que capacita para algo, é ele que possibilita a realização.
Atividades do
Espírito
O Velho
Testamento não trata de causas secundárias. Em todas as suas atividades, Deus
atua diretamente e não por intermédio de causas secundárias. Até as atividades
de seus agentes humanos são reconhecidas como a atuação do próprio Senhor. Deus
é especialmente ativo nas forças históricas e nas atividades humanas que operam
em favor
do seu reino na
terra. O Espírito opera de uma maneira excepcional na vida e na obra do seu
Ungido. O Espírito do Senhor é o próprio Senhor em atividade. Não, há, porém,
no Velho Testamento, o desenvolvimento do conceito da personalidade distintiva
do Espírito Senhor. A doutrina do Espírito Santo, como a 3ª Pessoa da trindade,
é um desenvolvimento no Novo Testamento, de acordo com a experiência cristã.
Tem as suas raízes nas experiências religiosas do povo de Israel, sem ser assim
entendida pelos escritores do Velho Testamento. Textos do V. T. que falam do
Espírito de Deus como personalidade: Ag 2.5; Zc 4.6; Is 48.16.
A Essência e os
Atributos Naturais de Deus
Não encontramos
no Antigo Testamento qualquer declaração que defina a essência do Senhor. Mas o
Novo Testamento ensina diretamente que Deus é Espírito. A declaração de Jesus:
“Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em
verdade”, concorda perfeitamente com o pensamento dos profetas do Velho
Testamento. A espiritualidade de Deus é subentendida, é verdade básica, em toda
as experiências religiosas dos hebreus com ele (Is 31.3). Em Êx 20.4 é proibida
a representação do Senhor por qualquer imagem material. O piedoso salmista,
descrevendo a sua experiência espiritual com Deus, declara: “Para onde poderia eu escapar do teu
Espírito? Para onde poderia fugir da tua presença? Se eu subir aos céus, lá
estás; se eu fizer a minha cama no Sheol, também lá estás. Se eu subir com as
asas da alvorada e morar na extremidade do mar, mesmo ali a tua mão direita me
guiará e me susterá.” (Sl 139.7-10). Assim a presença do Espírito de Deus é
a presença dele mesmo. Tudo que Deus é, e tudo que possa significar para o
homem é representado pelo ministério do seu Espírito que é vida e poder. É o Espírito
de Deus, operando no espírito do homem piedoso do Velho Testamento, como no
espírito do crente do Novo Testamento, que produz a vida de justiça, retidão,
felicidade, e paz. Qualquer conhecimento que o hebreu tenha recebido dos atributos
de Deus foi-lhe comunicado diretamente no intercurso do seu espírito com o
Espírito Supremo, o Senhor Deus de Israel.
O Deus Vivo
Deus é vida e a
fonte última de toda a vida. O Deus Espiritual da Bíblia apresenta-se como Deus
Vivo. Nos ensinos religiosos dirigidos ao povo de Israel, em todas as grandes
épocas da sua história, desde Moisés até Malaquias, os profetas falaram no
Senhor de Israel como o Deus Vivo.
AUTO-EXISTÊNCIA 7
Auto-existência
é a perfeição de Deus em poder existir por si mesmo, na completa autonomia de qualquer
fonte, origem ou energia. Ele não tem dependência intrínseca com qualquer coisa
existente ou ainda por existir. Sua existência depende dEle mesmo, da Sua
própria natureza. A auto-existência de Deus está implícita no nome IAHWEH (Ex
3.14): E disse Moisés a Deus: “Eis que quando eu vier aos filhos de Israel e
lhes disser ‘o Deus de vossos pais enviou-me a vós’, e dirão para mim: ‘Qual o
seu nome?’ – Que direi a eles?.” E disse Deus a Moisés: “Serei O Que Serei.” E
disse: “Assim dirás aos filhos de Israel: Serei enviou-me a vós.”
7 Transcrição do Livro: A Fé do Antigo
Testamento de Werner H. Schmidt. Ed. Sinodal. Pág. 243.
O Deus Vivo é o
Deus Eterno
Este conceito da
eternidade de Deus, subentende-se em toda parte da Bíblia. Como o Deus Vivo, a fonte
e o Criador de todas as formas da vida, o Senhor não teve princípio, e nunca
terá fim. A existência própria de Deus subentende-se no nome Iavé, “Eu Sou”. A
essência de Deus, tudo que ele é em si mesmo, é o Ser não causado. Jeremias
entendeu isto quando disse que O Deus Vivo “é
o Rei sempiterno” (10.10). No seu louvor a Deus, o salmista declara: Sl 90.1,2: “Senhor, tu és o nosso refúgio, sempre, de geração em geração. Antes de
nascerem os montes e de criares a terra e o mundo, de eternidade a eternidade
tu és Deus”.
INFINIDADE 8
A infinidade de
Deus é a qualidade de Deus ser isento de toda e qualquer limitação imposta pela
criação. Não pode haver qualquer limitação do Ser de Deus e dos Seus atributos,
imposta pelo universo. Textos como Jó 11.7-9; Sl 145.3 e Rm 11.33 falam da
infinidade divina. Este atributo está intimamente relacionado com alguns
outros. A Infinidade de Deus pode ser vista de duas maneiras: 1) Quando
vista com relação ao tempo a chamamos de Eternidade; 2) E
quando a vemos com relação ao espaço a chamamos de Imensidão ou Onipresença.
8 Transcrição da apostila do Pr. Bentes:
A Doutrina de Deus, PÁG. 21.
ETERNIDADE
Gn 21.33; Sl
90.2; 102.27; Is 57.15; 1Tm 1.17; Hb 1.2; 11.3 Eternidade é a infinidade de
Deus em relação ao tempo. Ele dura pelos séculos sem fim (Sl 90.2; 102.12; Ef
3.21). A Bíblia fala da eternidade de Deus como duração infinitamente
prolongada, para trás e para frente. Esta é uma maneira popular de representar
aquilo que transcende todas as limitações temporais (2Pe 3.8). A nossa vida tem
passado, presente e futuro, mas não é assim com Deus. Ele é o eterno “Eu Sou”.
Berkhof define a eternidade de Deus como “a perfeição de Deus pela qual Ele é elevado
acima de todos os limites temporais e de toda sucessão de momentos e tem a
totalidade da Sua existência num único presente indivisível”.
IMENSIDADE
A imensidade de Deus é a Sua infinidade em
relação ao espaço (1Rs 8.27; Is 66.1). Pode ser definida como “a perfeição do
Ser divino pela qual Ele transcende todas as limitações espaciais e, contudo,
está presente em todos os pontos do espaço com todo o Seu Ser”. Portanto, a transcendência
e a imanência de Deus estão presentes na idéia de imensidade (1Rs 8.27; 2 Cr
2.6; Jr 23.24; Sl 139.7; Is 66.1; At 17.28).
ONIPRESENÇA.
Por Onipresença não se deve entender que Deus
enche o espaço como faz o universo. A relação de Deus com o espaço não é a
mesma que existe entre este e a matéria. E por conseguinte, não devemos afirmar
que Deus está presente em toda parte como o universo está em alguma parte.
Sendo Deus Espírito, não ocupa espaço. Só matéria ocupa espaço. A verdadeira
idéia da Onipresença de Deus é que Ele age com a mesma facilidade como pensa e quer,
porque para Deus não há espaço, nem tempo. A Bíblia ensina a Onipresença de
Deus: Sl 139.7-9; Jr 23.23,24; At 17.27,28; Rm 10.6-8.
O Deus Criador
Os ensinos do
Velho Testamento sobre Deus como Criador do universo constituem uma parte indispensável
da teologia bíblica. Deus se apresenta como inteiramente independente da sua
obra da criação. O Criador preserva as obras da criação e dirige as estrelas
nos seus movimentos. O mesmo poder que criou o universo é também o poder que
criou o homem. O mesmo poder que dirige o mundo físico dirige também o homem. A
diferença está no mundo inanimado e o homem criado à imagem de Deus, com a
prerrogativa de exercer a sua própria vontade até o ponto de impedir, em parte
pela menos, a
direção divina.
Deus É Um
É difícil
determinar quando os escritores chegaram a crer que o seu Deus, Iavé, era o
único Deus. Os hebreus chegaram ao seu conceito da unidade de Deus pelas
experiências religiosas, e não por um processo de análise lógica.
UNIDADE
Este atributo
salienta a unidade e a unicidade de Deus, isto é, Deus é um e único. Implica que
existe um só Deus, soberano; tudo mais depende dEle. O politeísmo não cabe no
conceito bíblico de Deus. “A idéia de dois ou mais deuses em si é contraditória,
porque cada qual limita o outro e assim cada qual destrói a divindade do
outro”. A unidade de Deus implica também em que não há divisão ou conflito no
Ser ou na natureza de Deus. Trata-se de uma unidade interior e qualitativa do
Ser divino. A unidade de Deus, entre outras passagens, é ensinada em Dt 6.4;
1Rs 8.60; Is 44.6; 1Co 8.6; Ef 4.5,6; 1Tm 2.5.
A Personalidade
de Deus
Muitas das
citações bíblicas sobre outros atributos de Deus falam também da sua Pessoa. Deus
é vivo, poderoso, sábio e ativo; tem propósitos e planos. A Bíblia menciona os
atributos de Deus na discussão das suas relações com o mundo físico e com a humanidade,
mas não os descreve sistematicamente. Deus, como Pessoa, tem outros atributos
pessoais que não pertencem ao homem. O atributo de Deus que é mais distintivo e
mais acentuado no Velho Testamento é a sua personalidade. Todos os livros da
Bíblia ensinam a direção própria e a determinação racional do Senhor.
OS REDENTORES
ATRIBUTOS DE DEUS 9
A Santidade de
Deus
Não há outra
palavra que, no seu pleno sentido bíblico, descreva mais perfeitamente a
natureza de Deus do que o termo santidade. Santidade: É a tradução da palavra hebraica qodesh ($edoq), que tem uma
longa e complicada história, e que tem sido usada em vários outros sentidos,
mas exclusivamente para expressar ideias religiosas.
SANTIDADE. 10
Ele é
absolutamente separado de todas as suas criaturas e exaltado sobre elas, Ele é
igualmente separado da iniqüidade moral e do pecado. Santidade denota a perfeição
de Deus em tudo que Ele é. A santidade de Deus é vista como a conformidade
eterna do Seu Ser com Sua vontade. A vontade de Deus é a expressão de Sua
natureza que é santa. A santidade ocupa o primeiro lugar entre os atributos de
Deus. E o atributo pelo qual Deus queria essencialmente ser conhecido nos
tempos do Velho Testamento (Lv 11.44,45; Js 24.19; 1 Sm 6.20; Sl 22.3; Is
37.23; Ez 39.7; Hc 1.12). No Novo Testamento, a santidade é atribuída a Deus
com menos freqüência (Jo 17.11; Hb 12.10; 1 Pe 1.15,16; Ap 4.8). Devido à
natureza fundamental desse atributo, a santidade de Deus deveria ser
considerada mais do que Seu amor, poder e vontade. Santidade é o
princípio
regulador desses três; pois Seu trono é estabelecido com base em Sua santidade
(Sl 47.8; 89.14; 97.2). Deveríamos aprender três coisas importantes pelo fato
de Deus ser santo. A primeira é que existe um abismo entre Deus e o pecador (Is
59.1,2; Hc 1.13). Não apenas está o pecador separado de Deus, mas Deus está
separado do pecador. Antes do advento do pecado, o homem e Deus tinham comunhão
um com o outro; agora essa comunhão está quebrada e se tornou impossível. A
segunda coisa é que o homem tem de se aproximar de Deus pelos méritos de um
outro, se é que ele jamais vai conseguir se aproximar de Deus novamente. O
homem nem possui nem pode adquirir a necessária ausência de pecado para ter
acesso a Deus. Mas Cristo veio e tornou esse acesso possível (Rm 5.2; Ef 2.18;
Hb 10.19,20). Na santidade de Deus está a razão para a expiação; e o que Sua
santidade exigiu, Seu amor providenciou (1 Pe 3.18). A terceira coisa é a de
que devemos nos aproximar de Deus “com reverência e
santo temor” (Hb
12.28,29). Opiniões certas da santidade de Deus levam a opiniões certas a
respeito do pecado (Jó 40.3-5; Is 6.5-7):
“Então, disse eu: ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros,
habito no meio de um povo de impuros lábios, e os meus olhos viram o Rei, o
SENHOR dos Exércitos! Então, um dos serafins voou para mim, trazendo na mão uma
brasa viva, que tirara do altar com uma tenaz; com a brasa tocou a minha boca e
disse: Eis que ela tocou os teus lábios; a tua iniqüidade foi tirada, e
perdoado o teu pecado”. Estas duas passagens são exemplos notáveis da
relação entre Deus e o homem. Humilhação, contrição e confissão brotam de uma
visão bíblica da santidade de Deus.
9 CRABTREE. A. R.
TEOLOGIA DO VELHO TESTAMENTO. 2ª ed. Rio de Janeiro, JUERP, 1977, p. 101-122.
10 Transcrição da
Apostila do Pr. Bentes – A Doutrina de Deus, Pág. 24, 25.
RETIDÃO E JUSTIÇA
Por retidão e
justiça de Deus queremos indicar aquela fase da santidade de Deus que é vista
em Seu tratamento com o homem. Repetidamente são essas qualidades atribuídas a
Deus (2 Cr 12.6; Ed 9.15; Ne 9.33; Sl 89.14; Is 45.21; Dn 9.14; Jo 17.25; 2 Tm
4.8; Ap 16.5).
Idéias Primitivas de Santidade
Entre os hebreus
a santidade se referia primeiramente ao mysterium tremendum, ao
numinous, 11 ou
as características da Divindade que a separa de tudo que é comum, tudo que é do
mundo físico ou da humanidade. Com esta idéia de “otherness”, separação
de Deus, o termo santo aplicava-se às coisas e aos homens separados para o
Senhor.
A Santidade de
Iavé, o Deus de Israel
A Santidade não
é propriamente um atributo de Deus. Descreve antes a própria natureza de Deus. Santidade
abrange, ou compreende, todos os atributos de Deus. É na santidade que Deus é transcendente,
ficando, na sua Divindade, por cima de tudo e independente de toda a sua
criação.
A Justiça do
Deus
A justiça do Senhor é o atributo de perfeição
moral que caracteriza a sua Santidade, a sua própria Natureza, a sua Divindade.
O padrão divino da justiça é tão eterno como o próprio Deus. Um ato de Deus é
justo simplesmente porque ele o praticou.
O Amor de Deus
O Amor Eletivo
de Deus
Os escritores bíblicos maravilhavam-se da
eleição de Israel, mas não tentavam explicar por que Deus escolheu o seu povo,
ao invés de qualquer outro, para ser a nação sacerdotal entre as nações do
mundo. Mas reconheceram que o amor de Deus para com Israel era soberano e
irrevogável. Israel deve obedecer ao Senhor motivado pelo seu próprio amor. “Ouve, Ó Israel, o Senhor nosso Deus é o
único Senhor. Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda
a tua alma (desejo) e de todo o teu poder” (Dt 6.4,5). Os motivos divinos
que determinaram a escolha de Israel como o povo do concerto encerram-se no seu
eterno propósito revelado em Efésios 3.1-6. A eleição encaminhava, através de
Israel, o amor do Senhor a todas as famílias da terra (Gn 12.3). O amor do
Senhor para com Israel não foi devido a qualquer mérito deste povo. O amor de
Deus é a força operativa no estabelecimento da justiça no mundo. O amor de Deus
exigia de Israel obediência fiel, e a responsabilidade de cumprir as condições
do concerto generoso que Deus fez com ele, “Ele
te fez conhecer, ó homem, o que é bom; O que é que o Senhor requer de ti, senão
fazer a justiça, e amar a beneficência, e andar humildemente com o teu Deus?”
(Mq 6.8). O Deus do Velho Testamento é o Deus de amor, o mesmo que se
apresenta no Novo Testamento. “O Senhor
não assentou (hashaq) a sua afeição em vós, e vos escolheu, porque éreis
mais
numerosos do que outros povos '“ mas porque o Senhor
vos amava” (Dt 7.7,8). “Com amor [‘ahabah ] eterno te amei, com
amorável benignidade [hesed ] te atraí” (Jr 31.3).
DOUTRINA
DO HOMEM NO ANTIGO TESTAMENTO
A Criação do Homem
São coerentes e persistentes os ensinos da Bíblia sobre o caráter
paradoxal da natureza humana. De um lado, é “criado à imagem de Deus”, “pouco
abaixo da divindade” (Elohim), coroado “de glória e honra”, com “domínio sobre
as obras” das mãos de Deus. Por outro lado, “O Senhor Deus formou o homem do pó
da terra, e lhe soprou nas narinas o fôlego da vida; e o homem se tornou um ser
vivente”.
O Velho
Testamento ensina a unidade da raça. O livro de Gênesis apresenta duas
explicações da criação do homem (1.26-30; 2.4-7,18-22). De acordo com a segunda,
que é geralmente considerada a mais antiga, Deus formou o corpo do homem do pó
da terra e soprou-lhe nas narinas o fôlego da vida, “e o homem se tornou alma
vivente”. Os animais também são denominados almas viventes (Gn 2.19);
Também os
animais são denominados almas ou
seres viventes. É verdade, que o
corpo do homem é composto dos elementos do pó, e neste sentido é semelhante aos
animais. Todavia, nesta história antropomorfa, o homem é distinguido dos
animais pela sua natureza moral, a responsabilidade de obedecer às ordens do
seu Criador. A mortalidade é sinal da sua natureza corrompida.
O homem, como
criatura, tem o privilégio e a responsabilidade de amar e servir ao seu Criador.
“Ouve, ó Israel: o Senhor nosso Deus é Um. Amarás, pois, o Senhor teu Deus de
todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força” (Dt 6.4,5).
“Cessai de fazer
o mal, aprendei a fazer o bem; Procurai a justiça, restringi o opressor; fazei
a justiça ao órfão, defendei a causa da viúva” (Is 1.16,17).
A Natureza Religiosa do
Homem
O espírito é o
elemento humano que está mais aliado com Deus, e que tem o poder ou a
capacidade de receber a orientação divina e as influências benéficas do Espírito
do Senhor. É este espírito invisível que distingue o homem das outras criaturas
de Deus.
O Velho
Testamento reconhece que o homem foi criado para Deus, e que não pode ser feliz
sem achar descanso no seu Senhor.
Características do
Pensamento do Homem do Velho Testamento
Crendo na
afinidade do seu espírito com o Espírito do Senhor e que forças de fora podiam
invadir o espírito humano, o hebreu julgava-se capaz de reconhecer a operação
do Espírito de Deus no seu coração e na sua vida. O modo de pensar do hebreu
era notavelmente teocêntrico. Reconhecia a interdependência do corpo e da
inteligência, sem se envolver em problemas de psicologia. Não entrava no seu
pensamento a idéia de que o pecado residisse na matéria ou na carne do homem. A
interdependência do corpo e do espírito também complicava, para ele, o problema
do seu destino depois da morte.
O Homem Criado é Imagem e à Semelhança do Deus
“A imagem” ou “a
semelhança de Deus” é mencionada apenas em Gênesis 1.26,27; 5.1 e 9.6. O
espírito do homem veio do Espírito de Deus (Gn 2.7), e isto explica a afinidade
do homem com o Espírito de Deus.
A possibilidade
de comunhão entre Deus e homem depende absolutamente desta semelhança entre Deus
e o homem. Alguns pensam que a imagem divina significa apenas a autoridade do
homem sobre os animais. A mera
autoridade sobre os animais tem pouca importância em relação com a imagem
divina no ser humano. É em virtude de sua semelhança com Deus que o homem
recebe a promessa de autoridade sobre os
Animais. A
imagem e a semelhança divina se acham na personalidade do homem.
Deus se
apresenta como Pessoa através de todas as Escrituras do Velho Testamento. Há
duas características essenciais da personalidade: a consciência própria e a direção
própria. Podemos verificar, pelas Escrituras, que Deus e o homem têm as
seguintes características em comum: as faculdades de sentir, raciocinar e
querer. Deus tem estes poderes em absoluta perfeição. Nota-se, todavia, que ele
não precisa raciocinar, como nós, para descobrir a verdade por um processo de
lógica. A Bíblia nos revela o fato de que Deus freqüentemente ajuda os seus
mensageiros, no processo de raciocinar e esclarecer as mensagens divinas
dirigidas aos seus ouvintes (Sl 94.9; Amós 3.2; Is 1.18) e em todos os apelos à
inteligência do homem. O homem também tem afinidade com Deus na sua capacidade
de sentir emoções e entender, em parte pelo menos, o amor de Deus. Assim sendo,
a imagem natural entre Deus e o homem durará para sempre, porque o homem não poderá
jamais deixar de ser um espírito como Deus o é. Da mesma forma, a semelhança
natural entre Deus e o homem perdura sempre, porque o homem não poderá jamais
deixar de ser uma pessoa como Deus o é. O espírito no homem corresponde ao
Espírito do seu Criador, e é sustentado por Ele. Foi declarado que o espírito
do homem, o espírito que está nele, só ele conhece as coisas relacionadas com o
homem, é,
portanto análogo ao Espírito Divino, que é o único que conhece as coisas de
Deus (1 Co 2.11).
As Doutrinas Essenciais do Antigo Testamento
A Origem Histórica da Fé de Israel
Desde o período patriarcal os hebreus tinham certeza das suas comunicações com o Todo-Poderoso, El Shaddai 1 que tomou a iniciativa na chamada de Abraão, prometendo engrandecer o seu nome e abençoar, por intermédio dele, todas as famílias da terra (Gn 12.1-3; 17.1-27).
1 - Declara-se em Êxodo 6.23: “Apareci a Abraão, a Isaque e a Jacó como o Deus Todo Poderoso (El Shaddai); mas pelo meu nome, IAHWEH, não me fiz conhecido (nifal) a eles.” O Senhor, então era desconhecido pelos israelitas até que se lhes
revelou por intermédio de Moisés. Assim se identifica IAHWEH, o salvador dos israelitas, como El Shaddai, o Deus de Abraão.
Os israelitas creram em Deus, como resultado das experiências que os ligaram com o Senhor.
O Conceito Bíblico da História
É no Velho Testamento que encontramos o primeiro conceito distintivo e coerente da história.
Se há desígnio de uma inteligência suprema na história da humanidade, ele tem que ser descoberto pela fé. “A verdade é que o significado da história tem que ser buscado fora da história, e que o princípio da interpretação da história não será achado dentro dela. O historiador que não tem fé em coisa alguma não encontrará indicações de qualquer desígnio na história” (Alan Richardson).
Os profetas do Velho Testamento foram os primeiros a apresentar as evidências das atividades divinas na história, e a interpretarem o desígnio de tais atividades. É esta interpretação profética das atividades de Deus na história de Israel que produziu o Velho Testamento.
Os profetas produziram as Escrituras Sagradas nos períodos críticos da vida nacional, e a sua fé brilhava mais quando tinham que enfrentar aflições e sofrimentos. Mesmo na derrota nacional e na humilhação do cativeiro, floresceram as esperanças áureas na vinda do reino eterno do Messias do senhor. Os seus ensinos éticos e morais purificavam-se à medida do crescimento do seu conhecimento da santidade e justiça de Deus. O seu conceito de um só Deus, justo e misericordioso, lutava contra as formas sedutoras de politeísmo, e ganhou a vitória que vai influenciando e abençoando cada vez mais os povos do mundo.
A Arqueologia e o Velho Testamento
Não há nenhum período da história de Israel, desde Abraão até o período interbíblico 2, que não tenha ficado melhor conhecido como resultado das informações acumuladas pelo número de descobertas arqueológicas nas ruínas da Palestina. Podemos dizer que a ciência confirma, esclarece ou suplementa a informação histórica, política e religiosa do Velho Testamento em quase todas as suas partes.
A arqueologia tem-nos demonstrado muito mais do que as semelhanças existentes entre as formas e cerimônias religiosas do povo de Israel e as de seus contemporâneos. Por exemplo, a literatura ugarítica 3, que é mais semelhante à da Bíblia hebraica do qualquer outra, fala da bestialidade de Baal e da horrível imoralidade de seus sacerdotes e outros seguidores em seus atos religiosos.
A descoberta dos manuscritos nas cavernas do Mar Morto oferece uma vasta quantidade de material.
2 Período de tempo entre o Antigo Testamento e o Novo Testamento que teve duração de 400 anos.
3 Referente à antiga cidade de Ugarit (na atual Síria).
A Psicologia dos Hebreus
Os hebreus, no período da sua história, freqüentemente sentiram-se cônscios da comunhão direta com Deus, como aconteceu com Abraão, Isaque, Jacó, os juízes, os salmistas e os profetas.
É característico dos escritores bíblicos, que raramente apresentam argumentos para provar a sua comunhão pessoal com Deus. Não explicam como Deus pode ser conhecido.
O hebreu pensava que o espírito do homem podia ser invadido por algum espírito externo ou uma energia de fora. Portanto, a inspiração do ponto de vista do profeta, era a invasão do seu espírito (ruah - axUr) pelo Espírito (axUr) do Senhor. Os profetas freqüentemente declaram que o Espírito do Senhor apoderou-se deles, e lhes deu entendimento e poder. O conceito que o profeta tinha da inspiração pelo Espírito do Senhor é muito diferente do êxtase do grego. O grego ficava extasiado quando a psyche (psiquê) deixava o seu corpo e vagava longe dele.
Apesar da falta do conhecimento da psicologia dos povos antigos por parte do homem moderno, sabemos que os elementos essenciais da revelação divina se expressaram segundo a psicologia hebraica. Toda revelação começa com Deus. A mão irresistível de Deus descansava sobre o profeta. Na sua comunicação com o homem, Deus não fica limitado pela psicologia do homem moderno.
A Revelação de Deus nas Obras da Criação
O Velho Testamento não faz distinção especial entre a revelação geral ou natural, e a revelação direta aos escritores da Bíblia.
Não há no hebraico a palavra natureza, mas as obras do mundo físico, segundo os escritores bíblicos, dependem absolutamente de Deus, o seu Criador e Sustentador.
Como o controlador do mundo, Deus usa a natureza para revelar o seu poder, a sua sabedoria, a sua glória e a sua benignidade (Am 5.8; Jó 38; Is 40.12,26; Pv 8,9; Sl 104).
Devido à psicologia dos hebreus, é difícil encontrar no Velho Testamento qualquer apoio do conceito moderno da revelação natural ou geral, no sentido de que o homem, sem qualquer orientação divina, é capaz de descobrir, nas obras da natureza, provas satisfatórias da existência de Deus.
Deus Se Revela Diretamente aos Escritores Bíblicos
Deus é conhecido, segundo o Velho Testamento, não porque os homens nos seus esforços intelectuais o descobriram, mas somente porque o próprio Deus se revelou.
O processo da revelação transcende os poderes racionais do homem. Essencialmente a revelação bíblica é a comunicação de conhecimento da Pessoalidade (Pessoa de Deus). Ora, estas verdades a respeito da Pessoalidade, da vontade e dos planos de Deus que o homem não tem a capacidade de descobrir, mas uma vez comunicadas por Deus, no intercurso 4com homens idôneos, concordam perfeitamente com o conhecimento racional da humanidade.
Quando a revelação se refere às verdades comunicadas por Deus, estas se tornam elementos do conhecimento que mais enriquecem a vida humana.
Segundo o conceito bíblico, o homem não recebe, no processo da revelação, doutrinas teológicas acerca de Deus, mas recebe conhecimento pessoal do Senhor, da sua majestade, santidade e glória. Recebe também conhecimento da justiça do Senhor, do seu propósito e da sua vontade para com o seu povo. A essência da revelação bíblica é o intercurso de inteligências.
Deus se revela por suas atividades na vida e na história do seu povo, escolhido para ser a sua possessão peculiar dentre todos os povos do mundo (Êx 19.4-6; 20.2). Pelas atividades constantes do Senhor, em favor de Israel, através de todas as vicissitudes da história, ele revelou o seu hesed 5.
Na orientação persistente de Israel, Deus levantou os seus mensageiros para interpretar a sua vontade e o seu propósito na escolha deste povo. Os profetas apresentavam ao povo as suas credenciais pela convicção inabalável de que eram portadores da palavra (dabar – rfbfD) 6 de Deus, e pela qualidade da mensagem que lhe transmitiam. O fato essencial da revelação é a verdadeira atividade de Deus na vida do povo através de seus agentes, os profetas. O mais alto conceito da religião é fraternidade entre Deus e o homem, mas não pode haver fraternidade quando a comunicação se limita ao homem. Se Deus ficasse eternamente silencioso, a religião seria a mais triste de todas as decepções humanas, e esta experiência espiritual da personalidade humana seria a mais cruel ilusão do universo irracional.
4 Comunicação, trato, Relacionamento.
5- hesed. A palavra significa o amor firme, persistente, imutável, no cumprimento das promessas do seu concerto com Israel, mesmo quando o povo falhava e se mostrava, indigno. A palavra sempre acentua a fidelidade de Deus para com o seu concerto com Israel.
6 dabar significa comunicação do Senhor, mensagem, mandamento, ordem ou promessa. O Logos do Novo Testamento relaciona-se com Dabar do Senhor.
CRISTOLOGIA
A HUMANIDADE DE CRISTO
A Bíblia declara e demonstra de forma enfática que Jesus Cristo é também perfeitamente homem; ou seja, ele viveu como homem sujeito aos mesmos limites do ser humano. Todavia, o que em geral causa muita confusão em nossas mentes, é o fato de nos esquecermos de que ele era um homem sem pecado (Jo 8.46; 2 Co 5.21; Hb 4.15). Assim como o primeiro Adão, antes da Queda, era sem pecado; o segundo Adão – Cristo, também é sem pecado. A nossa dificuldade é que não sabemos o que é ser homem sem o estigma do pecado, já que todos pecaram (Rm 3.23; 5.12). Considerando este ponto, Vejamos de forma esquemática algumas afirmações e demonstrações da verdadeira Humanidade de Cristo:
Sua Humanidade Profetizada
Ao lado da afirmação da divindade do Messias, o Antigo Testamento
igualmente indica sua humanidade (Gn 3.15; Is 7.14; Mt 1.22,23; Is 43.1-12; At 8.29-35; 1Pe 2.21-25).
Sua Humanidade Reconhecida
Ele chamou a si mesmo de Homem e assim foi chamado: Mt 4.4; 8.40; At 2.22; Rm 5.15; 1Co 15.21; 1Tm 2.5.
Ele veio em Carne: Jo 1.14; 1Tm 3.16; Hb 5.7; 1Jo 4.2.
Sua Humanidade Demonstrada
Ele é Contado Genealogicamente como homem: Mt 1.1,16,17; Lc 3.23.
Nascido de Mulher: Mt 1.18; 2.11; Lc 2.6,7; Gl 4.4.
Tem Corpo, Alma e Espírito. Elementos que compõem a Natureza
Humana: Mt 26.26,28,38; 28.9; Mc 14.34; Lc 23.46; 24.39-43; 2.52; Jo 11.33; 12.27; 13.21; 19.30; 20.20,27.
3.2.3.4. Esteve Sujeito às Leis Ordinárias na Natureza Humana
1) Nascimento e Crescimento: Mt 2.1; Lc 2.6,7,11,40,42,52.
Jesus nasceu como uma criança normal, não sabendo falar, nem andar; desenvolveu-se como uma criança comum, tendo que ser trocado, banhado, amamentado, cuidado, conduzido, tomado nos braços, enfim passou por todas as experiências possíveis a uma criança normal (vd. Lc 2.5-7,22,27,28). Teve também que ser educado pelos pais.
2) Obediência: Lc 2.51; Hb 5.8;
3) Morte: Mt 27.50; Jo 19.30; At 3.15; 5.30; 1Co 15.3.
OS OFÍCIOS DE CRISTO
No Antigo Testamento havia três ofícios ou funções fundamentais na vida do povo de Deus: o de profeta, sacerdote e rei. Esses ofícios eram exercidos por homens escolhidos, ungidos e investidos na função. As pessoas que ocupavam estas funções cumpriam um papel muito importante para a vida do indivíduo e do povo na sua relação com Deus. De um modo geral, por estes ofícios, o povo ouvia a Deus (através do profeta), fazia-se representar diante de Deus (pelo sacerdote) e tinha o governo político (do rei). Em Cristo, os três ofícios foram reunidos e ele mesmo é o Profeta, o Sacerdote e o Rei. Assim ele é um mediador completo e perfeito.
CRISTO COMO PROFETA
O trabalho do profeta no Antigo Testamento era falar em nome de Deus. Ele interpretava os atos e os planos de Deus para os homens e orientava o povo nos caminhos traçados por Deus. Desta forma ele era um representante de Deus para o povo. Cristo foi o verdadeiro profeta, anunciado desde Moisés, (Dt 18.15). Os que creram em Jesus Cristo reconheceram ser ele o profeta que devia vir ao mundo (Jo 6.14; At 3.22). Ele revelou Deus e a sua vontade, não apenas com palavras, mas também em pessoa e obras (Hb 1.3). Sua revelação do Pai é final na história da humanidade (Hb 1.1). Cristo realizou seu trabalho profético em diferentes épocas. De modo direto e pessoal, ele cumpriu sua função profética no período da vida terrena. Mas na preexistência, de modo indireto, ele exerceu a função de profeta, falando através de mensageiros, humanos ou angelicais (Jo 1.9; 1Pe 1.11). Também depois da ascensão, ele falou pelo Espírito Santo aos apóstolos (Jo 6.12,13,25; 17.26). E parece que na glória ele continuará revelando as coisas do Pai aos santos (1Co 13.12).
CRISTO COMO SACERDOTE
O livro de Hebreus descreve bem o exercício do oficio sacerdotal de Cristo. No Antigo Testamento o sacerdote era uma pessoa divinamente escolhida e consagrada para representar os homens diante de Deus e oferecer dons e sacrifícios que assegurassem o favor divino, e ainda para interceder pelo povo (Hb 5.4; 8.3). Mas o serviço era feito com imperfeição, quer pela fraqueza do sacerdote, quer pelo tipo de sacrifício que era oferecido. Cristo realizou um sacerdócio perfeito. As duas naturezas, humana e divina, unidas nele, o seu caráter puro e o sacrifício de si mesmo tornam o seu sacerdócio ideal e perfeito diante de Deus. O seu trabalho sacrificial foi consumado, historicamente, na cruz (Hb 10.12,14). Seu sacrifício foi único e de valor eterno, portanto, suficiente para a redenção da humanidade, sem que haja necessidade de qualquer outro sacrifício por parte dos homens (Hb 10.10). O trabalho de intercessão ele realizou, de alguma forma, quando ele esteve na terra (Jo 17); porém, foi depois de oferecer o seu sacrifício que ele passou a exercer, especificamente, esse ministério de intercessão (Fp 7.25; 9.24). A base da sua intercessão é o seu sacrifício (1Jo 2.1,2).
CRISTO COMO REI
Os profetas do Antigo Testamento falaram de um rei que viria da casa de Davi, para governar Israel e as nações, com justiça, paz e prosperidade (Is 11.1-9). O anjo disse a Maria que Jesus seria esse rei (Lc 1.32,33). Cristo mesmo afirmou que ele era o rei prometido (Jo 18.36,37). Depois da sua ressurreição, ele declarou seu poder sobre todas as coisas (Mt 28.18). Na sua ascensão, ele foi coroado e entronizado como Rei (Ef 1.20-22; Ap 3.21). Jesus Cristo é Rei, e já está reinando, porém, não ainda de modo visível aos olhos humanos (Hb 2.8), nem de modo pleno (1 Co 15.25-28; Hb 10.13). Mas um dia Cristo estará reinando à vista de todo o mundo (Ap 11.15). O reino de Cristo no presente se mostra mais na vida das pessoas que a ele se entregam, e das igrejas, que são as comunidades dos seus discípulos. Trata-se, no presente, de um reino espiritual, no coração e na vida do crente. Porém, um dia o reino de Cristo se mostrará em toda a sua plenitude na vida e no mundo, com “novos céus e nova terra, nos quais habita a justiça” (2 Pe 3.13). Cristo é todo suficiente para a relação do homem com Deus. Ele é o Profeta, o Sacerdote e o Rei do mundo. Através dele podemos ouvir e aprender de Deus; por ele podemos chegar à presença do Pai e ali permanecer; nele temos segura direção da vida, da nova sociedade e do novo mundo conquistados por ele. Mas tudo isto em uma fase ainda preliminar, que avança para a perfeição, e há de consumar-se na vinda gloriosa, no final dos tempos.
CRISTOLOGIA
A UNÇÃO DE JESUS E A DIVINDADE DE CRISTO
A UNÇÃO DE JESUS
Como já vimos, o nome “Cristo” significa “Ungido”. Uma pergunta que se faz necessária é: Quando Jesus foi ungido? Entendemos biblicamente que Jesus Cristo foi ungido desde a eternidade; há referências no Antigo Testamento que falam de sua capacitação eterna para o cumprimento de sua obra (Is 11.2; 42.1; 61.1,2). Todavia, historicamente, tal unção teve lugar por ocasião da geração e santificação do “Filho de Deus” em Maria (Lc 1.35) e também no Batismo (Mt 3.16; Mc 1.10; Lc 3.22; Jo 1.32; 3.34; At 10.38). A demonstração histórica foi apenas uma representação visível daquilo que era eterno. Jesus, o Cristo, fora eternamente capacitado por Deus para ser o Salvador de seu povo, comprando-o com seu próprio sangue (At 20.28; 1Pe 1.18-20), cumprindo assim o Pacto da graça, firmado entre o Deus Pai, como representante da Trindade, e o Filho, representando o seu povo.
A CONSCIÊNCIA DE JESUS SER O MESSIAS DE DEUS
“Ele lhes respondeu: Por que me procuráveis? Não sabíeis que me cumpria estar na casa de meu Pai?” (Lc 2.49).
Muitos perguntam: “Se Jesus era de fato o Messias e tinha consciência disso, por que então ele não se autodesignou assim?”.
Raramente Jesus se designou como Cristo de Deus, por certo para evitar o mal entendido que seu emprego teria provocado. O povo judeu aguardava de modo especial um Messias militar; se Jesus proclamasse ser o Cristo (Messias), seria o mesmo que convidar o povo a interpretações das mais diversas, e, o pior, todas erradas. Se Jesus, procedendo com cautela, não impediu que houvesse sentimentos “messiânicos” por parte do povo em momentos de euforia de “barriga cheia” (cf. Jo 6.11-15); se ele agisse de forma diferente, dizendo ser o Messias, “todo judeu que ouvisse a palavra ficaria a pensar em termos duma eventual revolta contra Roma e da gloriosa consumação quando o império judeu substituiria o romano”.
Todavia, Jesus, em algumas ocasiões – atestando a consciência que tinha de ser o Messias -, identificou-se como o Cristo (Mc 9.41; Lc 24.44-49); não se esquivou de tal
identificação (Lc 7.19-22; Mc 8.29; 14.61,62; Mt 16.16,17) – ao contrário de João Batista que quando inquirido disse não ser o Cristo (Jo 1.19-27) -, embora ordenasse a seus discípulos que não contassem isso a ninguém (Mc 8,29,30; Lc 9.20-22), usando para si mesmo a expressão “Filho do Homem”, como no contexto de Lucas, equivalente a “Cristo” (Lc 9.20-22; 24.44-49). Algo que nos chama atenção é o fato de que após a confissão de Pedro e a proibição de Cristo de não se divulgar ser ele o Messias, “Desde esse tempo, começou Jesus Cristo a mostrar a seus discípulos que lhe era necessário seguir para Jerusalém e sofrer muitas coisas dos anciãos, dos principais sacerdotes e dos escribas, ser morto e ressuscitado no terceiro dia” (Mt 16.21. Cf. também Mc 8.31 3 Lc 9.22). No texto grego fica evidenciado, para Jesus, o Messias não era o caminho da glória, fama ou poder, mas, sim, da dor, do sofrimento, da humilhação, do abandono e da ressurreição, conferindo assim à palavra um significado superior jamais imaginado por um judeu.
A condenação de Jesus se deve ao fato de ser ele acusado de querer passar por
Cristo (cf. Mt 26.63,64,68; Mc 14.61-64; Lc 22.66-71); sua crucificação demonstra de forma cabal que ele não quis contrariar a realidade desta acusação, assumindo, quer porpalavras, quer por eloqüente silêncio, à realidade de ser o Messias!
O TESTEMUNHO DOS PRIMEIROS CRISTÃOS
Simeão, pelo Espírito de Deus, reconheceu no bebê de pouco mais de quarenta dias,
chamado Jesus, “o Cristo do Senhor”; proferindo então um poema profético (Lc 2.25-35).
A piedosa profetisa Ana tem o mesmo sentimento quanto àquela criança (Lc 2.36-38).
A visão messiânica dos escritores do Novo Testamento é uma visão cristológica; em outras palavras: para eles, Jesus é o Cristo. A confissão de Pedro é a confissão da Igreja, que por obra do Pai reconhece e professa a identidade do Filho (Mt 16.13-17; 11.27). Por isso, os primeiros cristãos fazem de “Jesus, o Cristo”, sua primeira confissão de fé, e “todos os dias, no templo e de casa em casa, não cessavam de ensinar e de pregar Jesus, o Cristo” (At 5.42). O messianismo já era uma realidade vivencial para os discípulos. Os escritos, sem dúvida, também olham para o futuro, e às vezes de modo intensivo, mas Aquele que é aguardado virá como sendo Aquele que já veio. Não é uma pessoa desconhecida àqueles que o aguardam. Ele é tão bem conhecido por eles, como eles são para ele (Jo 10.14). O título Messias (Cristo) tornou-se logo um nome próprio. Jesus passou a ser chamado Jesus Cristo ou Cristo Jesus, indicando desse modo o reconhecimento pleno da Igreja de que Jesus é o Cristo.
JESUS CRISTO: UMA PESSOA TEANTRÓPICA
AS DUAS NATUREZAS DE CRISTO:
DEFINIÇÃO DOS TERMOS “NATUREZA” E “PESSOA”. Com vistas à adequada compreensão da doutrina, é necessário saber o sentido exato dos termos “natureza” e
“pessoa”, como são empregados neste contexto. O termo “natureza” denota a soma total de todas as qualidades de uma coisa, daquilo que faz uma coisa ser o que é. Uma natureza é uma substância possuída em comum, incluindo todas as qualidades essenciais da referida substância. O termo “pessoa” denota uma substancia completa, dotada de razão e, conseqüentemente, um sujeito responsável por suas ações. A personalidade não é parte essencial e integrante da natureza mas é, por assim dizer, o término para o qual ela tende.Uma pessoa é uma natureza acrescida de algo, a saber, uma subsistência ou individualidade independente. Pois bem, “o Logos assumiu uma natureza humana não personalizada, que não existia por si mesma”.
A DIVINDADE DE CRISTO
A Bíblia declara e demonstra com clareza que Jesus Cristo é Deus. Vejamos o que a Palavra nos diz a respeito: Sua Divindade Profetizada:
Sl 45.6,7: “O teu trono, ó Deus, é para todo o sempre; cetro de eqüidade é o cetro do teu reino. Amas a justiça e odeias a iniqüidade; por isso, Deus, o teu Deus, te ungiu com o óleo de alegria, como a nenhum dos teus ompanheiros”.
quem vós desejais; eis que ele vem, diz o SENHOR dos Exércitos”.
SUA DIVINDADE RECONHECIDA:
Pelo Pai e pelo Espírito Santo:
Mt 3.16,17: “Batizado Jesus, saiu logo da água, e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito de Deus descendo como pomba, vindo sobre ele. E eis uma voz dos céus, que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo”.
Por Ele Mesmo:
Mt 11.27: “Tudo me foi entregue por meu Pai. Ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar”.
(Leia ainda: Mt 25.31; 27.63-65; 28.18; Jo 5.17,18; 6.37-40,57; 8.34-36;
10.17,18,30-38; 14.7-9; 19.7).
Por Seus Discípulos:
Jo 1.1-3,14: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez. E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai”.
(Leia ainda: 1Co 2.8; 2Co 12.8,9; Cl 2.9; 1.19; 1Tm 3.16; Tt 2.13).
Pelos Próprios Demônios:
Mt 8.29: “E eis que gritaram: Que temos nós contigo, ó Filho de Deus! Vieste aqui atormentar-nos antes de tempo?”.
Mc 1.23,24: “Não tardou que aparecesse na sinagoga um homem possesso de espírito imundo, o qual bradou: Que temos nós contigo, Jesus Nazareno? Vieste para perder-nos? Bem sei quem és: o Santo de Deus!”.
Cristologia
A Cristologia é o estudo sobre Cristo, é uma parte da teologia cristã que estuda e define a natureza de Jesus, a doutrina da pessoa e da obra de Jesus Cristo, com uma particular atenção a sua relação com Deus.
Jesus Cristo deve ser a figura central na vida de todo indivíduo. Os impactos da Pessoa de Cristo na vida dos crentes: interiores (salvação, perdão, regeneração, justificação, novos valores, etc.) e exteriores (mudança de atitudes). Não existe cristianismo sem Cristo: não é uma religião, mas um modo de vida cuja proposta básica é “Cristo em vós, esperança da glória” (Cl 1.27). A maior diferença entre um cristão nominal e um cristão autêntico é que para este Jesus é uma realidade existencial.
O cristianismo não é medido pelo seu efeito coletivo, mas pela presença de Jesus na vida do indivíduo. Não existe comparação entre Jesus Cristo e os fundadores das outras grandes religiões. Confúcio, Buda, Maomé, todos morreram propondo ao homem um caminho para encontrarem a verdade ou para se tornarem a divindade, mas só Jesus diz “eu sou o caminho, a verdade e a vida” (João 14.6), só Jesus se intitula o próprio Deus (João 10.30).
A base do cristianismo é a Palavra de Deus (Lucas 24.27,44) é o primeiro ato de proclamação e apresentação de Jesus com base na Palavra), onde Jesus é o tema central da mensagem transmitida pelos e para os homens.
A doutrina da Cristologia está fundamentada na doutrina da Redenção. Esta por sua vez está alicerçada na doutrina do Parente Remidor, que em hebraico é GO’EL ( .(גאֵֹל Cristo é o Parente Remidor – Go’el, capaz de pagar o preço – o seu sangue. Ele abrirá os selos da Escritura da Redenção da terra, Ele reinará para todo sempre (Ap 5; 11.15).
O tema central da Bíblia é a Redenção. O tema divide-se assim:
1. O Antigo Testamento: a preparação do Redentor.
2. Os Evangelhos: a manifestação do Redentor.
3. Os Atos: a proclamação da mensagem do Redentor.
4. As Epístolas: a explicação da obra do Redentor.
5. O Apocalipse: a consumação da obra do Redentor.
É necessário, portanto, ter-se uma Cristologia correta para se entender bem a fé cristã. É possível errar em muitas doutrinas e permanecer como cristão, mas não se pode errar na Cristologia e permanecer, ainda, como cristão. Na realidade, muitos dos problemas da igreja contemporânea têm surgido exatamente por equívocos na área da Cristologia. Em certo tipo de pregação, Jesus é reduzido a um taumaturgo, seu nome passa a ser um talismã, e ele é um xamã (curandeiro ou possuidor de poder mágicos, numa tribo). É preciso
compreendê-lo bem, portanto, tanto em sua humanidade como em sua perfeita divindade. Porque pode se cair em erro de dois lados: enfatizando sua divindade em detrimento de sua humanidade ou enfatizar sua humanidade em detrimento de sua divindade. A ênfase adequada nas duas naturezas nos ajudará no entendimento de nossa fé. Devemos sempre lembrar disto: ele é perfeitamente Deus e é, simultaneamente, perfeitamente homem. Se errarmos em algum desses aspectos, erraremos em nossa teologia.
O LOGOS
A Segunda Pessoa da Trindade (O Filho) é intrinsecamente igual em cada aspecto às outras Pessoas da Divindade. Ele permanece sendo o que Ele sempre foi apesar dos conceitos errados que surgiram sobre a Sua preexistência. Não é possível criar nenhum método de Cristologia Bíblica que não se baseie e não tenha origem na verdade todo determinante
de que a Segunda Pessoa encarnada, embora tenha sido um homem de dores
é o Deus Eterno. Cristo é Pré-existente, Ele próprio disse: “Em verdade, em verdade eu vos digo: antes que Abraão existisse, EU SOU” (Jo 8.58). Temos diversos textos que corroboram sua Pré-existência: Jo 1.14,17,18; 3.13; 8.23; 17.14. O Logos existe até mesmo antes da criação do universo (Jo 17.5; Fp 2.6).
Liderança Cristã
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